São Bento e seu Artesanato
Com
uma criatividade aguçada, o artesanato do Município é destaque em
todo o Estado, com qualidade incomparável. Todo material usado na pesca
do dia-a-dia é feito artesanalmente, assim como uma infinidade de
utensílios. Mas, o que se destacam são as redes feitas a fio ou linha,
material produzido pelas próprias mãos das mulheres rendeiras, com
cores e um charme não encontrado em outros lugares. (*)
A
renda de bilro é outro destaque do artesanato local, realizada sobre
uma almofada dura cilíndrica de pano grosso, cheio com palha ou
algodão, cujas dimensões dependem da dimensão da peça a realizar,
coberto exteriormente por um saco de tecido mais fino. O fiar e o
tecer, relativos ao trabalho das artesãs de São Bento, caracterizam-se
pela repetição de técnicas de fabricação de redes e são
associadas a uma tradição secular e familiar, transmitidas por mulheres
que se dedicam a esse trabalho e que atualizam as expectativas do
gênero relacionadas à imagem da esposa, da mãe e da dona de casa. Esse
processo de constituição das artesãs é materializado através de
costumes, posições, valores e técnicas, que são reproduzidos de geração
em geração, no ambiente familiar.
Segundo Figueiredo “a confecção
das redes de dormir em São Bento é uma prática realizada pelas famílias
sambentuenses desde os primórdios de seu desenvolvimento e está
associada a alguns bairros em que esse fabrico é característico, como é
o caso da Matriz, Porto Grande, Tupy e Outra Banda” (FIGUEIREDO, 2009,
p. 23).
Destaca-se aí
também os vários utensílios confeccionados em madeiras como a colher
de pau usada para mexer no arroz que cozinha no caldeirão fabricado por
ferro ou alumínio, o fogareiro e a grelha do mesmo material. Abanos
trabalhados com a palha do coco babaçu, lamparinas fabricadas de latas
ou pequenas garrafas de vidros e abastecidas por querosene são outras
atrações desse rico artesanato são-bentuense. Todos esses produtos
podem ser encontrados nas diversas casa de ferragens com destaque para
a do Sr. Zé Alemão.
Outro local onde encontramos diverssos produtos artesanais é
a feira municipal localizada no bairro Tupy, produtos como as redes
utilizadas na
pescaria e o socó; o abano e o cofo
fabricado de palhas do babaçu, o fogareiro e a grelha de
ferro, o
caldeirão e a colher utilizados no preparo das diversas iguarias locais
como o arroz de toicinho e outros.
A lâmparina fabricada com lata de óleo e
abastecida por querosene;
muito utilizada para iluminar as noites escuras da Cidade em uma época
que não havia a luz elétrica... Até mesmo as "baladeiras" feitas de
câmeras de
veículos utilizada para matar "troira" e pássaros ainda são
encontrados.
A criatividade dos moradores é tão grande que conseguem fazer doce de
leite em esculturas diversas.
Segundo
Figueiredo “a confecção das redes de dormir em São Bento é uma prática
realizada pelas famílias sambentuenses desde os primórdios de seu
desenvolvimento e está associada a alguns bairros em que esse fabrico é
característico, como é o caso da Matriz, Porto Grande, Tupy e Outra
Banda” (FIGUEIREDO, 2009, p. 23).
Alguns momentos
explicitam a importância histórica das redes de dormir para São Bento:
1908, comemoração do primeiro centenário da Abertura dos Portos às
Nações Amigas, no Rio de Janeiro (o Maranhão se destacou ao expor redes
sambentuenses em seu stand, a ponto de o presidente Afonso Pena
escolher uma delas para seu repouso; várias redes foram premiadas);
1912, exposição de redes nos festejos dos trezentos anos de fundação de
São Luís; 1913, exposição de redes em Bruxelas; 1922, comemoração do
primeiro centenário da Independência do Brasil (as redes representaram
o Estado e o município de São Bento); 1936, o jornal Tribuna de São
Luís anunciou a abertura da loja “Rio Anil” em São Bento, que iria
comprar toda a produção de redes para revendê-las. Informou também que
muitas pessoas trabalhavam nesse ofício, mas que ninguém havia se
interessado de implantar uma indústria na cidade, para aumentar a
produção, diminuir o tempo e propiciar maior lucro e oferta das redes.
Figueiredo (2009) afirma que a produção das redes em São Bento teve seu
apogeu entre os anos de 1950 a 1980, sendo a década de 1960 o seu
período áureo.
Constituem ainda o artesanato de
São Bento:
- móveis de vime - confeccionados em madeira e vime;
- vassouras - confeccionadas em barbantes;
- calçados, selas(arreios) e cintos - confeccionados em couro;
- bonecos - confeccionados em tecido, flocos de isopor, fios em lã ou
nailon e em EVA ou biscuit;
- esteiras - confeccionadas com palhas de junco;
- cofos, abanos e meaçabas - confeccionados com palhas de palmeiras de
babaçu;
- peneiras e tipitis - confeccionados com palha de guarimã;
- em crochê - guardanapos, toalhas, varandas, roupas;
- em tear - vestidos, bolsas, tapetes, entre outros;
- em tricô - toalhas, camisas, sapatinhos, meias, entre outros;
- bordados - ornamentação de roupas, toalhas e, principalmente enxoval
para recém-nascidos.
(*) Fonte:
Livro São Bento dos Peris: água e vida volume I; escrito por Álvaro
Urubatan Melo (Vavá Melo), Editora: Academia Sambentuense
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