Maria da Graça Costa e Costa
Excelentíssimo Senhor Presidente da Academia São-Bentuense de Letras,
Dr. Joaquim Ribeiro Melo , na pessoa de quem saúdo os acadêmicos aqui
presentes: Autoridades, amigos, minha família, senhoras e senhores.
Nesta noite memorável, em que meu coração explode de alegria, sou
grata, nobres acadêmicos, por haverdes trazido até aqui para ser uma de
vós, sob o patrono da cadeira 17, que ora assumo, homem sábio, um
educador , raro ser humano, tão bem biografado por seu neto, Dom Felipe
Condurú Pachêco.
Não me sinto uma estranha no ninho, neste recinto de intelectuais.
Estou ingressando numa confraria de amigos da adolescência, antigos
colegas, professores, pessoas ligadas a mim por laços de uma profunda
afeição . Prometo um fraterno convivio dentro do mais alto espírito de
respeito e admiração.
Fernando Sabido escreveu que “ é o convivio que faz a vida mais digna
de ser vivida.”
Citando Isaac Newton: “Se enxerguei tão longe, foi porque estive sobre
ombros de gigantes.”
A minha determinação, sob a orientação da família, especialmente minha
mãe, foi fundamental, para realização deste sonho, que ora se
concretiza.
Senhores Academicos, Senhoras e Senhores, peço permissão para fazer um
aparte: Olhando minha mãe sentada na plateia deste auditório,
emociona-me lembrar que tantas outras vezes aqui estive, ao lado dela,
para receber notas com resultado final. A Professora Luciana Batista,
diretora da Escola Paroquial, subia ao palco e fazia a leitura, em voz
alta, do nome dos alunos que lougraram êxito para cursar a série
seguinte do próximo ano.
Saímos daquí abraçadas, felizes, a tão esperada aprovação estava
confirmada.
Após 40 anos, volto, em julho do corrente ano, na qualidade de ex-aluna
do Colégio João Piamarta, oradora oficial do grupo Piamartiano, para
prestar homenagem ao Padre Lourenço Franzoni, professores e
funcionários, pelos trabalhos sociais e religiosos prestados à
Comunidade São-Bentuense.
Hoje, mais uma vez, encontro-me no mesmo auditório, desta, para
ingressar na Academia São-Bentuense de Letras, honrosa casa de Dom
Felipe Condurú.
PATRONO
Felipe Benício de Oliveira Condurú, primogênito do casal Atanásio
Rodrigues de Oliveira e Antonia de Araújo Cerveira, nasceu aos 23 dias
de agosto de 1818, recebeu o nome Felipe em homenagem ao Santo do dia
do seu nascimento, recordação e honra do seu bisavô materno – Felipe
Crovelo de Matos, natural de Alcântara, no Marahão.
Segundo depoimentos em notas biográficas da sua filha, a educadora D.
Eponina de Oliveira Condurú Serra, a partir dos dez anos, em São Luís,
ele deu continuidade aos estudos, pois havia recebido de seu pai as
instruções das primeiras letras (Itapary, 2004, p.26)
Em São Luís, fez ele os seus primeiros estudos, cursando mais tarde as
aulas de Francês, Latim, Geografia e Matemática, no Liceu Maranhense,
sempre com notável aproveitamento (Itapary, 2004, p.27)
Subsidiado pela Província, no início de 1839, ele foi estudar Pedagogia
em Paris, com previsão de permanecer dois
anos. Teve a sua volta antecipada em virtude do alto custo, para o
governo maranhense, da célebre Revolução da Balaiada, iniciada no final
de 1838 e estendendo-se até inicio de 1841.
No final de 1838, o Palácio do Governo do Maranhão determinou que
Felipe Condurú passasse a reger a Escola Normal, a fim de que se
desempenhasse as instruções dos legisladores provinciais, a bem da
Instrução Pública. A nomeacão traz a data de 31 de janeiro de 1840. A
Escola Normal foi instalada no Liceu Maranhense no início da década de
40. Felipe Condurú ministrava o ensino de Didática, proporcionando aos
discentes conhecimentos relativos aos mais modernos métodos pedagógicos
da epóca (método Lancastrino, ensino mútuo ou sistema monitoral), vez
que a classe era formada pelos mestres das escolas primárias da
Província.
De alta confiança do Governo Provincial, era nomeado para presidir
bancas de exames de mestres primários, seus companheiros.
Para se auxiliar no seu ministério pedagógico e para tornar as suas
lições mais eficazes, redigiu e publicou ótimos manuais escolares, além
da Gramática Elementar de Língua Portuguesa, da qual esgotaram-se onze
edições, livro que logrou cerca de vinte edições.
Compôs e publicou um pequeno compêndio de Geografia e escreveu um
Primeiro Livro de Leitura nos moldes dos que vira usados na França, mas
não podendo fazer imprimi-lo, só o aproveitou em manuscrito.
Manifestação evidente de quanto o governo da Província preferia a
Gramática de Condurú, como livro de aula, foi a distribuição gratuita
dos seus exemplares aos escolares da década de 60. Essa obra foi
aprovada pelo Inspetor da instrução pública
para uso das escolas de primeiras letras da província do Maranhão,
assim como pelo Conselho de Instrução Pública para uso do Liceu,
colégios e aulas de instrução primária na província do Pará.
Condurú, almeja que sua gramática seja um modo de expressão correta e,
por isso, situa-se na mesma corrente que atravessa os séculos até os
nossos dias, dado o caráter ainda normativo do ensino de língua materna
no Brasil. Da metade do século XIX, prevalece a visão da gramática como
arte .
Do ponto de vista de seu estilo composicional, a Gramática Elementar de
Condurú é continuadora do modelo latino, na medida em que está
dividida, em quatro partes, a saber: etimologia, prosódia, ortografia e
síntaxe.
Aos vinte e cinco anos de magistério, ativo a fim que não fosse cassada
parte alguma de seus modestos honorários, Condurú requer sua
aposentadoria que lhe é concedida a dezessete de junho de mil
oitocentos e sessenta e seis, pelo Presidente da Província.
Felipe Condurú tinha também a arte de desenhar, quer arquitetônico,
quer decorativo. Colado às páginas de um velho livrinho - diversos
rascunhos lançados a tinta e a mão livre, com auxílio de pena comum de
escrever e sobre o papel fino acetinado, cercaduras de folhas
simétricas moldurando as iniciais de sua preferida, da sua futura
esposa: “C.P”. Trazem a data de 1840 e 1841, epóca do seu noivado.
Em outra parte um plano completo de um edifício religioso: piso,
paredes laterais e fachada principal, tudo feito com aplicação de tinta
a régua sobre papel quadriculado. Era uma construção sobria em estilo
renascença, aproximando-se mais do romano.
D. Eponina escreveu: “ Este desenho foi traçado por meu pai – o Sr.
Felipe Benício Oliveira Condurú – com a intenção de edificar na Vila de
São Bento, lugar do seu nascimento, uma igreja, se o estado de sua
fortuna algum dia permitisse, embora procurasse ajudar-se por
subscrição popular”. Casou-se com D. Carolina Paula de Sousa, em 22 de
abril de 1841 (quinta-feira) na matriz de Nossa Senhora da Conceição,
em São Luís, pelas quatro horas e meia da madrugada, nas mãos do Padre
Mariano José de Campos.
Desse enlace, nasceram os filhos : D. Eponina, Carolina, Teófilo,
Paulo, Filadelfo , Rita, Maria da Conceição e Felipe.
Desde a sua mocidade, acalentava um sonho de vir fazer sua terra natal
– um trabalho que fosse útil ao seu torrão . Sendo esse lugar muito
procurado por pessoas doentes ou convalecentes, em razão da salubridade
do clima, abundância de bom leite e gênio hospitaleiro de seus
habitantes, era entretanto penosa a viagem. Eram grandes as
dificuldades para chegar até a vila de São Bento. Elaborou um projeto
de suma importância para a navegação, a abertura de um canal encurtando
a distância. Tornou-se uma realidade essa ideia. Há três quartéis de
século, desdobra-se no território maranhense o largo e profundo canal
que em justa homenagem ao seu autor, se chama “ Vala Conduru”
Entregue a Vala ao município de São Bento (antes ao Governo da
Província), afirma-nos D. Eponina, recolheu-se a vida privada e ao
cuidado exclusivo da educação do seu filho mais novo que contava 13
anos. Perdeu a esposa, resolveu instarla-se em São Luís para melhor
velar pela educação e instrução de seu filho menor.
Em abril de 1878 foi acometido de um ameaço de congestão . Pediu que o
trouxessem para São Bento, pois dizia
que só aqui recobraria a saúde. O que não aconteceu, o seu estado de
saúde agravou-se.
Faleceu em 12 de novembro do mesmo ano, aos 60 anos de idade,em São
Bento dos Peris, então província do Maranhão.
Podemos afirmar que o Professor Felipe Condurú, foi um ser humano
admirável, um profissional competente, além do seu tempo, digno da mais
profunda admiração pela forma incansável com a qual se dedicou ao
cumprimento de seus objetivos.
FUNDADOR
CIRIANO DA PAZ PIRES, membro fundador da cadeira 17, e
consequentemente, primeiro ocupante desta citada cadeira que possui
como patrono o professor Felipe Benício de Oliveira Condurú, que tenho
eu a missão de ocupar.
Nasceu em 24 de janeiro de 1920. Cursou o primeiro e segundo grau no
Colégio São Luís e Contabilidade no Centro Caixeiral . Ingressou na
Faculdade de Direito do Maranhão – UFMA, pela qual é bacharel.
Advogado, com cursos de Cooperativismo, Gerência por objetivo,
Licitação na contratação da Administração Pública, Direito Agrário;
Cadastro de Tributação; Colaborador da ADESG, Conselheiro da OAB-Ma.
Advogado do antigo Banco do Estado.
De origem humilde, batalhador, enfrentou dificuldades.
Enviuvou, apaixonado, apresentou dificuldades de locomoção. Casou-se
pela segunda vez, desta com a Sra. Francy Maciel Pires.
Cidadão amante da cidade de São Bento, zeloso com suas amizades e de
sua terra natal. Faz parte do quadro de beneméritos.
Senhores Acadêmicos, Senhoras e Senhores, chego ao fim e mais uma vez
vós agradeço pela minha eleição, sinto-me profundamente honrada, e
comprometo-me em doar-me para maior engradecimento da nossa Academia e
da nossa cidade.
Registrar também meus agradecimentos, aos meus familiares, em especial
a minha mãe D. Paula, meu pai Alexandre Costa (in memorian), meu
padrasto Nhô Pinheiro (in memorian) , meu marido Sillas, meus filhos
Paula e Sillas Neto por tudo que significam na minha vida. Agradeço ao
confrade Álvaro Urubatan Melo (Vavá) pelo incentivo, e aos meus amigos.
A todos o meu muito obrigada!
Boa noite!
Bibliografia
/
Discurso de Posse / Volta
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