Celso Aurério Reis de Freitas
Natural de São Bento no Maranhão. Nasceu a 28 de abril de 1901, tendo
como pais José Carneiro de Freitas e Estelita Reis de Freitas. Neto
paterno de José Martins de Freitas e Rosa Maria Carneiro de Freitas;
materno de Luís Antônio Reis e Ursulina A. Soares Reis. Fez o primário
em São Bento e em São Luís, no Instituto Viveiros. Cursou mais
tarde o Instituto Oscar de Barros, por último o Liceu
Maranhense.. Em agosto de 1916, foi nomeado colaborador da
Secretaria de Justiça e Segurança, na 2.ª seção. Viajou para o
Rio de Janeiro, optou desde a juventude pela carreira das
armas. Aprovado na Escola Militar do Rio de
Janeiro, para as Armas do Regimento de Infantaria, sentou
praça a 22 de abril de 1919, Frequentou de 1919 a
1922. (1919);. Aperfeiçoamento Regimento (1920). A 7 de janeiro
de 1922, promovido Aspirante. 30 de abril de seguinte a 2º tenente. 13
de fevereiro de 1924, 1º tenente. Capitão a 11 de novembro de
1932. Major - 25 de dezembro de 1941. Tenente-coronel
- 25 de junho de 1946. Em 31 de outubro de 1951, passou para a reserva,
no posto de general - de- brigada.
Em 1923, como
tenente, transferido para Fortaleza e serviu como instrutor no
Colégio Militar do Ceará, onde permaneceu até janeiro de 1926. De
janeiro a julho desse mesmo ano serviu no 23.ºBC, aquartelado nesta
capital. Serviu ainda em diversas guarnições: ESAO, em 1928; 24.º BC
(1929-1931), Oficial do Exército Brasileiro presidiu a
Junta Governativa Federal no Maranhão. Na época servia como
tenente do 24.º BC e como comandante do pelotão encarregado de
vigiar a Ponte da Estiva aderiu à Revolução, no movimento de 8 para 9
de outubro. 1930 Colégio Militar do Ceará (1931-1935), ficando de
setembro a novembro de 1932 à disposição do governador do Estado; 23.º
BC (1935-1936); ll.º RI (1936-1937); 24.ºBC (1941); 15.ºRI (1941-1942);
24.ºBC (1942-1949). De junho de 937 a março de 1941, esteve afastado,
por motivos pessoais, das atividades militares. Em abril de 1949, veio
em definitivo para Fortaleza, incorporando-se ao Quartel General da
l0.ª Região Militar, permanecendo até 31 de dezembro de 1950. Em 31 de
outubro de 1951, passou para a reserva, no posto de general
de brigada. Na inatividade, recebeu convite para exercer a função
de Secretário da Fazenda da Prefeitura Municipal de Fortaleza, na
segunda administração de Acrísio Moreira da Rocha. E, mesmo depois de
sofrer um infarto, foi designado chefe-de-gabinete do prefeito.
Casou-se pela primeira vez com Maria Luíza de Castro, com quem teve uma
filha de nome Celma Eliana. Após enviuvar, casou-se, em São Luís do
Maranhão, no ano de 1944, com Cecy Cerqueira de Freitas, nascendo da
união outra menina, de nome Ilia.
Militar íntegro, culto (falava quatro idiomas inclusive o Esperanto),
humilde e muito humano, tratava a todos os companheiros de farda, do
soldado ao oficial mais graduado, com amabilidade. Quando visitou a
10.ª Região Militar de Fortaleza, em novembro de 1950, Leopoldo Machado
ouviu de um oficial este depoimento sobre ele (“A Caravana da
Fraternidade”, p 90) : “O Celso é que devia ser o capelão daqui, de vez
que é mais jeitoso, mais tolerante, mais cristão. É querido de todos
nós (...)”. E concluiria Leopoldo : “É a espada levando ensinamentos à
cruz”. De fato, Celso de Freitas fazia por onde merecer o carinho e o
afeto dos seus subordinados. Seus discursos eram eivados de
espiritualidade e de acendrado amor pela instituição a que servia. Num
destes discursos, intitulado “Independência ou Morte”, ele diz:
“Camaradas ! Sede justos, sede enérgicos, tomai sempre a decisão que
não fira a disciplina. Colocai sempre o interesse do Exército acima dos
interesses pessoais, mas não vos esqueçais de que só o amor constrói.
Sede bondosos, comandai também com o coração e assim não estareis
sós, na hora do perigo (...)”.
A
sua iniciação no Espiritismo aconteceu após o falecimento da primeira
esposa. Profundamente abatido, passou a ter uma vida social intensa,
dedicando-se à prática de jogos de azar, até o momento em que, através
de um amigo médium, sua companheira se manifestou, alertando-o para os
perigos face à vida que levava. Em São Luís, onde se encontrava por
ocasião deste fato, passou a frequentar um núcleo da Cruzada dos
Militares Espíritas. Vindo para Fortaleza, em 1949, vinculou-se ao
Centro Espírita Cearense (Federação Espírita Cearense), assumindo, já
no ano seguinte, a presidência da instituição. Durante mais de dez anos
prestou inestimáveis serviços ao Movimento Espírita. No primeiro
centenário da edição de O Livro dos Espíritos, aparece entre os
responsáveis pela celebração do evento, na Praça José Bonifácio.
Em março
de 1951 fundou o Núcleo da Cruzada dos Militares Espíritas de
Fortaleza, presidindo-o até sua desencarnação. Muito amigo de Juracy de
Carvalho Lima e de Maria Augusta Holanda Fontes, frequentou também o
Centro Espírita Casa do Caminho. Juntamente com o general Antônio Leite
de Araújo Filho, à época major, presenciou a fundação do Hospital Nosso
Lar. Foi um dos fundadores da sucursal da LBV (Legião da Boa Vontade)
local.
Colhendo através de entrevistas as impressões de algumas pessoas
que o conheceram, ouvimos do Dr. Honor Torres, antigo presidente do
Centro Espírita Cearense : “(...) O General Celso era o nosso orador
principal, pregava e conhecia muito bem o Evangelho. Ele era muito
instruído, muito suave, muito delicado (...) Eu o admirava imensamente
(...)”. Dona Ilia, sua filha, emocionada ao falar do pai, afirmou: “Ele
se caracterizou pela humildade e pelo amor ao próximo (...) Era um
apreciador apaixonado do Evangelho de Jesus Cristo (...) Nunca
encontrei ninguém que falasse como ele sobre o Evangelho”.
Lendo as anotações de Leopoldo Machado, constantes do livro “A Caravana
da Fraternidade”, observamos a admiração que lhe causou a figura do
então coronel Celso de Freitas, por ocasião de sua passagem por
Fortaleza, em novembro de 1950. Foi ele quem presidiu à reunião
ocorrida no Teatro José de Alencar, na qual falaram os caravaneiros
Francisco Spinelli e Carlos Jordão, e a magistral conferência de
Leopoldo Machado, desenvolvendo o tema “Conflito entre a Razão e a Fé”.
No dizer de Leopoldo (“A Caravana da Fraternidade”, p.283), Celso foi
apontado, por seu espírito cordato, para ser o presidente da Comissão
Organizadora do serviço de unificação do movimento espírita cearense.
Apaixonado pela vida e os ensinos de Jesus, seu regresso vitorioso ao
Mundo Espiritual, há quarenta anos, não poderia ter ocorrido noutro
dia. Após uma parada cardíaca, ele faleceu, em Fortaleza, no dia
seguinte ao Natal, a 26 de dezembro de 1962.
(*) historiador e Presidente da Federação Espírita do Estado do Ceará.
Bibliografia /
Discurso de Posse / Volta
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