Miriam Angelim
Ele vive entre nós
Lendo há algum tempo a escritora gaúcha Lya Luft, encontrei e guardei
uma citação feita por ela em versos da escritora e poetisa americana
Edna St. Vicent Millay sobre a morte, que, no meu entender, cabe muito
bem no sentimento que expresso neste instante: “Não me resigno quando
depositam corações amorosos na terra dura./ É assim, assim será para
sempre:/ entram na escuridão os sábios e os encantadores. Coroados/ de
lírios e louros, lá se vão: mas eu não me conformo./ Na treva da tumba
lá se vão, com seu olhar sincero, o riso, o amor;/ vão docemente os
belos, os ternos, os bondosos;/ vão-se tranquilamente os inteligentes,
os engraçados, os bravos./ Eu sei. Mas não aprovo. E não me conformo”.
Pensando em poetas, arquitetos, pais de famílias; refletindo sobre
nossos pais, nossos entes queridos e, agora, no bravo cidadão
são-bentuense, conterrâneo e confrade Jerônimo Pinheiro, homem de luz e
de luta, também não aprovo, sendo difícil haver conformação. São tantas
perguntas e tantos porquês para os sentimentos e para os lamentos de
perdas quando se trata de pessoas amadas, as quais muito se empenharam
em contribuir para o bem-estar de suas famílias e o engrandecimento de
suas terras. Pessoas cuja presença, pela notória utilidade, jamais
deixarão de ser lembradas com o forte sentimento de ausência e de
grande perda.
Sabemos que Jerônimo teve morte física, porque está atestado pela
medicina, porém temos convicção de que sua alma continua viva,
palpitando entre nós. Ele vive no milagre da genética em filhos, netos
e na própria família.
Ele vive nos aplausos da Academia Sambentuense, rememorando sua
passagem, seu existir, suas realizações.
Vive nas lembranças daqueles que com ele conviveram, alegraram-se ou,
juntos a ele, sofreram. Colegas, chefes, amigos e subordinados. Pessoas
que o conheceram de perto e aprenderam a admirá-lo, respeitando-o.
Vive nas minhas preces e nas minhas interrogações quando “acredito que
nada vem do nada”, e que foi pelos desígnios de Deus a destinação a mim
da cadeira fundada por ele e patroneada pelo seu genitor, Urbano
Pinheiro: Cadeira 25 na Academia Sambentuense.
Ele vive no coração do Pai Eterno como um grão que saiu da semeadura de
Deus, nasceu, cresceu, transformou-se em árvore frondosa, deu frutos,
flores e retornou à casa paterna. Agora vivificado, está pronto para
replantio (renascer). Que viva sempre o nosso bravo herói, o qual, ao
dar sentido à própria vida, pelo bom caráter, soube honrar sua terra
natal, entrando na história como grande maranhense.
Pensando nele optei por criar esta pequena oração:
Senhor Deus de quem emana todo poder, nós te agradecemos porque um dia
concedeste a vida ao menino Jerônimo Pinheiro, abençoando-o com dádivas
tão preciosas, como família estruturada, paz interior, amor aos
estudos, harmonia, equilíbrio mental, suficiente integridade e, ainda
nessa brilhante caminhada, fazendo-o, quando adulto, membro da Academia
Sambentuense.
É a vós, Senhor, que recorro neste momento, pedindo a necessária luz, a
vossa bênção e misericórdia para o inesquecível Jerônimo
Pinheiro.
Senhor Deus, coube-me não substituir, porque ninguém jamais o
substituirá, mas ocupar a cadeira 25 que por direito lhe pertenceu, já
que foi patroneada pelo seu genitor, Urbano Hesket Pinheiro, e fundada
pelo digno Jerônimo Pinheiro.
Dai-me, ó Deus, a graça e a humildade de bem representar a Academia
Sambentuense, onde sou identificada por meio da cadeira de número 25,
que para mim torna-se sagrada.
Espero e confio, meu Deus, que, do outro lado desta existência, possa
essa forte energia de grande valor e merecimentos interceder pela
exitosa continuidade da Academia Sambentuense, para que viva em perene
extensão e ascensão. Dai-nos sempre bom relacionamento, clareza nas
ideias e trabalhos que contribuam para o seu desenvolvimento.
Abençoa, Senhor, a alma de Jerônimo Pinheiro, que, como presença
física, soube honrar sua terra por meio de atitudes sérias e
relevantes, comportamento exemplar, estudos e muito trabalho. Um
verdadeiro cidadão! Que a juventude são-bentuense, da mais simples à
mais sofisticada, possa seguir as trilhas de exemplos edificantes por
ele traçadas e deixadas.
Pedimos a vossa bênção, ó grande Deus, para este bravo são-bentuense,
para sua família e para todos os membros desta Academia. Vós sabeis que
tenho orgulho de, sempre que cabe, após a minha assinatura,
acrescentar: Membro da Academia Sambentuense. Cadeira 25.
Abençoa este sentimento e a sua continuidade!
Que a alma do imortal Jerônimo Pinheiro, entre os resplendores da luz
perpétua, descanse em paz! Que possamos ter sempre a convicção de sua
presença entre nós.
Amém!
Salvar
Contato: Academia Sambentuense
E-mail: academiasambentuense@hotmail.com
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